Tratamento Imunossupressor com Pomada de Tacrolimus

Fístula Perianal em Cães

Fístula Perianal em Cães

Caráter Imunomediado

A fístula perianal é uma afecção inflamatória crônica caracterizada por múltiplos trajetos sinuosos e ulcerados em tecidos perianais (Castro e Matera, 2002).

É uma doença de causa desconhecida que envolve o ânus, com lesões multifocais/difusas que diminuem a qualidade de vida do animal, com predisposição para a raça pastor alemão (Aversa et al., 2009).

Características

Embora a etiopatogenia permaneça desconhecida, os aspectos histológicos das lesões, a similitude da doença com a síndrome de Crohn imunomediada humana e a resposta favorável ao uso de imunomoduladores sugerem um caráter imunomediado (Castro e Matera, 2002).

Raras Fístulas Uretrorrectais Sem Outras Anormalidades

Má-formações do reto e ânus

Escoliose
Artresia
Agenesia Anal
Ausência de Vértebras Cocígenas
Desvio do Carpo

Fístula Perianal em Cães

Ocasionalmente, as fístulas podem ser adquiridas devido a trauma, inflamação crônica ou neoplasia (Goulden et al., 1973; Rocha et al., 2007).

Outras Características

Fatores Predisponentes

Os cães de meia idade da raça pastor alemão parecem ser predispostos à esta doença, cujas manifestações são: tenesmo, diarreia, hematoquesia e dor (Castro e Matera, 2002).

Ambos os sexos podem ser afetados, porém, em cães, a incidência em machos é quase duas vezes maior que em fêmeas (Rocha et al., 2007).

Principais Sintomas e Diagnóstico

Principais Sintomas:

  • Estenose Anal
  • Incontinência Fecal

Diagnóstico:

  • Exame Físico
  • Exames Complementares
  • Diagnóstico Diferencial

Tratamentos Disponíveis

  • Medicamentoso
  • Técnicas Cirúrgicas

O tratamento imunossupressor parece ser o mais indicado para resolver os problemas sem complicações como incontinência fecal ou estenose anal (Aversa et al., 2009).

  • Podem ser utilizados como imunossupressores a ciclosporina e o tacrolimus (Misseghers et al., 2000).

Formulário

Tratamento Tópico Imunossupressor Para Fístulas Perianais

Pomada de Tacrolimus


Tacrolimus ………………………………..0,1%
Pomada qsp………………………………..50 g

Aplicar diretamente sobre as fístulas ou conforme orientação do médico veterinário.

Benefícios do Tacrolimus em Relação a Ciclosporina

O tacrolimus é um medicamento imunossupressor com ação semelhante à ciclosporina que pode produzir imunossupressão sem citotoxicidade ou mielossupressão (Misseghers et al., 2000).

Mecanismo de Ação

O tacrolimus e a ciclosporina são similares no bloqueio dos primeiros eventos de ativação de linfócitos T, no entanto, o tacrolimus é de 10 a 100 vezes mais potente do que a ciclosporina A e com menos efeitos colaterais (Misseghers et al., 2000).

Estudo Comprova

A pomada de tacrolimus a 0,1% é eficaz na redução de fístulas perianais em cães, como mostrado por estudo conduzido por Misseghers et al. (2000), no qual foi observada completa cicatrização em 50% dos cães tratados e melhora notável em 90% dos cães (Misseghers et al., 2000).

Fístula Perianal em Cães

Protocolo de Tratamento da Fístula Perianal

Biscoitos de Prednisona


Prednisona ……………………………. 2 mg/Kg
Base para Biscoito qsp…………………..1UN

Administrar 1 unidade ao dia ou conforme orientação do médico veterinário.

Administrar 2 mg/Kg a cada 24 horas, via oral, por 2 semanas, seguido de 1 mg/kg a cada 24 horas durante 4 semanas e a partir daí 1 mg/kg a cada 48 horas para manutenção.

Biscoitos de Metronidazol


Metronidazol …………………………….400 mg
Base para Biscoito qsp……………………1UN

Administrar 1 unidade ao dia em cães de médio a grande porte durante as 2 semanas iniciais do tratamento ou conforme orientação do médico veterinário.

Um estudo realizado em 19 cães com fístula perianal avaliou a eficácia de uma combinação de pomada de tacrolimus a 0,1% aplicada topicamente, prednisona administrada por via oral (esquema de desmame) e uma dieta proteica durante 16 semanas. O metronidazol foi administrado oralmente durante as primeiras 2 semanas. Os resultados observados pelos pesquisadores mostraram resolução do quadro em 15 dos 19 cães avaliados (Stanley e Hauptman, 2009).

Associação de Azatioprina e Metronidazol no Tratamento das Lesões

Biscoitos de Azatioprina


Azatioprina………………………………… 50 mg
Base para Biscoito qsp……………………1UN

Administrar 1 unidade ao dia em cães de médio a grande porte ou conforme orientação do médico veterinário.

Um estudo avaliou a terapia de combinação com azatioprina e metronidazol em cães pastor alemão com fístula perianal. Esse estudo foi realizado em 5 cães (31,5-36,0 kg) e mostrou que o tratamento com azatioprina (50 mg ao dia) e metronidazol (400 mg ao dia) reduziu ou eliminou os sinais de irritação local anal em todos os cães dentro de 2 semanas (Tisdall et al., 1999). A cura das lesões progrediu mais lentamente, com melhora visível normalmente atingida dentro de 4 a 6 semanas após o início do tratamento (Tisdall et al., 1999).

Biscoitos de Metronidazol


Metronidazol ………………………….. 400 mg
Base para Biscoito qsp……………………1UN

Administrar 1 unidade ao dia em cães de médio a grande porte ou conforme orientação do médico veterinário.

Referências

Tisdall PL, Hunt GB, Beck JA, Malik R. Management of perianal fistulae in five dogs using azathioprine and metronidazole prior to surgery. Aust Vet J. 1999 Jun;77(6):374- 8.

Stanley BJ, Hauptman JG. Long-term prospective evaluation of topically applied 0.1% tacrolimus ointment for treatment of perianal sinuses in dogs. J Am Vet Med Assoc. 2009 Aug 15;235(4):397-404.

Castro, P. F.; Matera, J. Uso da ciclosporina em fistula perianal de cao: relato de caso. Clínica Veterinária, São Paulo, v. 7, n. 38, p. 53-58, maio/jun. 2002. Aversa A.F. et al.. Fístula perianal em cães: estudo de casos. Painel divulgado no Congresso da Universidade Metodista de São Paulo em 2009.

GOULDEN, B. et al. Canine urethrorectal fistulae. Journal of Small Animal Practice, v.14, p.143-150, 1973.
Rocha et al. Fístulas e outras anomalias congênitas dos tratos digestivo e urinário em um potro. Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

Misseghers BS, Binnington AG, Mathews KA. Clinical observations of the treatment of canine perianal fistulas with topical tacrolimus in 10 dogs. Can Vet J. 2000 Aug;41(8):623-7.

GOULDEN, B. et al. Canine urethrorectal fistulae. Journal of Small Animal Practice, v.14, p.143-150, 1973.

Rocha et al. Fístulas e outras anomalias congênitas dos tratos digestivo e urinário em um potro. Ciência Rural, v.37, n.5, set-out, 2007.

MAXIE, M.G. The urinary system. In: JUBB, K.V.F. et al. Pathology of domestic animals. Califórnia: Academic, 1993. V.2, cap.5, p.523-524.