Recentemente, houve um ressurgimento do interesse no papel da suplementação de vitamina D3 na prevenção de doenças e manutenção da saúde. Várias revisões têm sido publicadas com foco em grupos específicos como, por exemplo, adultos com mais de 50 anos ou grupos selecionados de acordo com o índice de massa corporal.

Esses estudos são realizados em amostras de soro para avaliar os níveis de vitamina D em várias condições, desde saúde óssea até câncer. O colecalciferol, hormônio da vitamina D3, pode ser obtido tanto por meio da alimentação e suplementação quanto pela exposição à radiação ultravioleta.

Alguns especialistas têm sugerido que as pessoas aumentem o tempo de exposição ao Sol e diminuam o uso de protetor solar. No entanto, trata-se de uma medida problemática já que o excesso de exposição aos raios UVB também pode levar a um aumento da incidência do câncer da pele.

A suplementação oral de vitamina D3 pode ser uma alternativa segura à radiação UVB. O 1,25-di-hidroxivitamina D, hormônio derivado da vitamina D, tem um papel importante na manutenção de níveis adequados de cálcio e fósforo no organismo.

Níveis mais baixos foram encontrados em várias doenças, entre as quais, reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose sistémica, diabetes mellitus tipo 1, esclerose múltipla, doenças inflamatórias do intestino, doenças da tireoide (tireoidite de Hashimoto e doença de Graves) e gastrite.

Vitamina D e Densidade Mineral Óssea (DMO)

A maior parte dos estudos não avaliou os efeitos da vitamina D isoladamente. De maneira geral, a vitamina D está associada ao cálcio. Quando comparada ao placebo, a suplementação de 300UI a 1000Ui ao dia, associada ao cálcio, promoveu resultados consistentes no aumento da DMO em mulheres pós-menopausadas.

Vitamina D e Doenças Osteoarticulares

A Sociedade Europeia para Aspectos Clínicos e Econômicos da Osteoporose e Osteoartite (ESCEO) recomenda uma nova dose diária de Vitamina D: 800 a 1.000 UI/dia. Segundo a sociedade (Rizzoli et al., 2013), pacientes com níveis séricos de 25(OH)D inferiores a 50 nmol/L apresentam aumento do turnover ósseo, perda óssea e, possivelmente, defeitos de mineralização comparado a pacientes com níveis superiores a 50 nmol/L.

A recomendação da ESCEO é que a quantidade de vitamina D sérica seja de pelo menos de 50 nmol/L, diferentemente do recomendado hoje (> 20 nmol/L), sendo a dose sugerida para suplementação de 800 a 1.000 UI ao dia. Também segundo a sociedade, a dose diária segura de vitamina D é de 10.000 UI.

Vitamina D e Artrite Reumatoide

A deficiência de vitamina D tem sido associada à patogênese de doenças autoimunes. A redução da ingestão de vitamina D pode estar relacionada com o aumento da susceptibilidade de desenvolvimento de artrite reumatoide (AR) e com a atividade da doença. Alguns estudos recentes avaliaram a atividade da doença com base no 28-joint Disease Activity Score (DAS28) e sua realção com níveis baixos de Vitamina D.

Níveis reduzidos da vitamina também foram associados à maior condição dolorosa entre os pacientes com artrite reumatoide.

Vitamina D e Dores Crônicas

Dores crônicas nas costas podem melhorar com a reposição de vitamina D a partir de um estado de insuficiência ou deficiência para suficiência, com subsequente melhora da qualidade de vida e, em alguns casos, desaparecimento completo dos sintomas.

Outro caso que vem sendo amplamente debatido é o da relação entre os baixos níveis de vitamina D e doenças musculoesqueléticas como, por exemplo, a fibromialgia. Muitos estudos têm demonstrado uma “relação positiva” entre essa ocorrência. Além disso, a deficiência dos níveis de Vitamina D está associada a maiores índices de dor na fibromialgia.

Vitamina D e Diabetes

A insuficiência de vitamina D é comum em indivíduos com diabetes tipo 2. Estudos observacionais sugerem que a vitamina D desempenha um papel na patogênese da diabetes tipo 2.

No entanto, resultados de estudos de intervenção têm sido inconsistentes. Foram investigados os efeitos da vitamina D sobre a sensibilidade à insulina, secreção de insulina e marcadores inflamatórios em pacientes com diabetes tipo 2.

Embora o aumento do nível de vitamina D não tenha apresentado melhora da resistência à insulina, pressão sanguínea ou inflamação, observou-se que ele pode ampliar a secreção de insulina em pacientes com diabetes tipo 2.

Vitamina D e Dermatite Atópica

A vitamina D exerce uma ação sobre as células do sistema imunológico, gerando efeitos anti-inflamatórios e imunoreguladores. Dois estudos recentes evidenciam o papel da Vitamina D na dermatite atópica.

Um deles demonstra que a deficiência de vitamina D aumenta o risco de sensibilização a alérgenos alimentares e que a dermatite atópica pode ser mais grave em crianças com deficiência de vitamina D. O outro estudo, realizado em Boston, sugere  que a suplementação de vitamina D pode melhorar a dermatite atópica relacionada ao inverno.

Concentração Plasmática

Deficiência de vitamina D: <20 ng/ml;

Insuficiência de vitamina D: 21 a 29 ng/ml;

Suficiência de vitamina D: >30 ng/ml.

Kampmann U et al, “Effects of 12 weeks high dose vitamin D3 treatment on insulin sensitivity, beta cell function, and metabolic markers in patients with type 2 diabetes and vitamin D insufficiency – a double-blind, randomized, placebo-controlled trial” Metabolism. 2014 Sep;63(9):1115-24. doi: 10.1016/j.metabol.2014.06.008.
 
CamargoJr, CA et al “Randomized trial of vitamin D supplementation for winter-related atopic dermatitis in children” Journal of Allergy and Clinical Immunology 134,(4), 831–835.e1, October 2014.
 
Mata-Granados JM, et al “Vitamin D insufficiency together with high serum levels of vitamin A increases the risk for osteoporosis in postmenopausal women”. Arch Osteoporos. 2013 Dec;8(1-2):124. Epub 2013 Feb 16.
 
López-Torres Hidalgo J.” Effect of calcium and vitamin D in the reduction of falls in the elderly: A randomized trial versus placebo” .Med Clin (Barc). 2013 Jan 17. pii: S0025-7753(12)00975-X. doi: 10.1016/j.medcli.2012.11.025.
 
Kostoglou-Athanassiou I, et al. “Vitamin D and rheumatoid arthritis”.Ther Adv Endocrinol Metab. 2012 Dec;3(6):181-7. doi: 10.1177/2042018812471070.
 
Rizzoli R et al “Vitamin D supplementation in elderly or postmenopausal women: a 2013 update of the 2008 recommendations from the European Society for Clinical and Economic Aspects of Osteoporosis and Osteoarthritis (ESCEO)”. Curr Med Res Opin. 2013 Feb 7.
 
Schwalfenberg G.”Improvement of chronic back pain or failed back surgery with vitamin D repletion: a case series”. J Am Board Fam Med. 2009 Jan-Feb;22(1):69-74. doi: 10.3122/jabfm.2009.01.080026.
 

Mais referências:

Abokrysha NT. “Vitamin D deficiency in women with fibromyalgia in Saudi Arabia.” Pain Med. 2012 Mar;13(3):452-8. doi: 10.1111/j.1526-4637.2011.01304.x. Epub 2012 Jan 5.
 
Higgins MJ, Mackie SL, Thalayasingam N, Bingham SJ, Hamilton J, Kelly CA. “The effect of vitamin D levels on the assessment of disease activity in rheumatoid arthritis” .Clin Rheumatol. 2013 Jan 23.
 
Salesi M, Farajzadegan Z. “Efficacy of vitamin D in patients with active rheumatoid arthritis receiving methotrexate therapy” Rheumatol Int. 2012 Jul;32(7):2129-33. doi: 10.1007/s00296-011-1944-5.
 
Huang W, Shah S, Long Q, Crankshaw AK, Tangpricha V. “ Improvement of Pain, Sleep, and Quality of Life in Chronic Pain Patients With Vitamin D Supplementation” Clin J Pain. 2012 Jun 13.